quarta-feira, 29 de abril de 2009

PORÃO DO BECO

Arte de Odetto Guersoni

Marcos Seiter






A querida Jana, descreveu um pouco como foi a noite do dia 26/04/09 em Porto Alegre.

Confira aqui.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

POEMAS RECORTADOS POR MIM DA ZH- IV

Arte de Cícero Dias
Marcos Seiter



Favo de Mel

Inoema Nunes Jahnke

Lápis e papel

Pincelam meus pensamentos

O lápis beija o papel

Como um favo de mel

No papel fica impresso

O que tatuado está no coração
Emoção de um poeta no papel
Que vê a vida como um favo de mel.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

LIVROS

Acabei de ler dois livros de crônicas de dois mágicos:

* Cadeira de balanço, de Carlos Drummond de Andrade, onde está reunido as principais crônicas apresentadas no Rádio do Ministério da Educação.

* Canalha!, do blogueiro, professor, poeta e escritor, Fabrício Carpinejar. São crônicas altamente mágicas. Nada de verbos que arranham nossas línguas ao ler alguma palavra, escrita por esse mágico das letras. São escritas que enchem nossa alma de emoção. Acho que até gozei ao ler "Canalha!".


Tá aí minhas dicas.

Abraços!!!

Marcos Seiter

segunda-feira, 20 de abril de 2009

AMO SOFRER

Arte de Picasso

Marcos Seiter




Eu amo sofrer de saudade.

A saudade é sincera comigo. A sua sinceridade é arrasadora.

A saudade me leva para o passado. Ela me ensina a viver o presente com mais intensidade.

O presente nasceu com a minha saudade.

A saudade que para muitas pessoas é dor, para mim é alegria.

Ela é o par de chinelo que ocupa meus pés. Ela não dá chance para o vazio. Tenha ou não fronteiras para deter a saudade, a saudade derruba fronteiras. Ela toma o espaço que for. A saudade nunca está fora do núcleo. Ela sempre esteve dentro. Seja no invisível ou visível, saudade é saudade. Tudo para ela é motivo. A saudade desprezará a negação de um motivo. Nada morre com a saudade. Nem o mais desesperado por causa da saudade, se entregará ao abstrato. A saudade é vida.
A saudade é uma enchente. Ela transborda qualquer espaço.

A saudade não tem limite.

O detalhe é a saudade.

Sinto saudade da minha namorada.

Minha namorada mora a 3779km de meu corpo. A saudade que sinto de seus cabelos sobre meus olhos, enche meus olhos verdes de saudade das ondulações castanhas de seus cabelos. A saudade que sinto dos beijos úmidos dela, enche minha boca de saudade. A saudade que sinto das mãos dela, faz com que minhas mãos cacem no ar as fofas mãos dela. A saudade que sinto dos pés dela em meu lençol, faz com que meu lençol fique liso, sem duas montanhas para serem escaladas sobre o colchão. A saudade enche meu lençol.

Eu amo sofrer de saudade. A saudade é feminina. Até a grossura se sensibiliza quando sente saudade de ser exercitada.

A saudade é a clareza do que foi vivido. Seja uma brincadeira ou não.

A saudade não tem fim. Tem intervalo.

sábado, 18 de abril de 2009

DOMINGO DE FOFOCAS


Arte de Paul Signac
Marcos Seiter



Datas importantes, como de aniversários ou Páscoa, são motivos para a família Moreira se encontrar.

Todos os Moreiras se lembraram em se reunir para celebrar a Páscoa.
No domingo de Páscoa a família Moreira se reuniu no pátio da casa dum dos Moreira, o tio Heleno.
Na verdade era na área habitacional da brasília marrom-escura de meu outro tio, Ângelo.

Participaram os filhos e filha de meu tio Ângelo, e as suas noras.
A tia Lurdes, mulher de meu tio, viajou para Taquara.

Meu tio Ângelo assou a carne.
Meu tio Filo comprou o carvão e a carne.

Meu tio Heleno conseguiu o sal grosso para banhar a carne.
O fogo feito na churrasqueira de ferro, do seu chão forrado de tijolo, fora exclusivamente preparada pelo meu tio.
O carvão não demorou a queimar.

O churrasco foi cultivado por conversas fiadas rimadas com risadas.
O churrasco trouxe um pouco de confraternização entre os irmãos, irmãs, primos, primas, tios e sobrinhos.

Não teve música no ambiente rodeado de falas. Os únicos sons que rolavam por lá era blá-blá, glu-glu e ahahaaah.
A mesa onde se encontrava a salada de tomate com cebola, o arroz grudento na panela de alumínio, a alface sem vinagre, eram as câmeras que filmavam a confraternização dos Moreiras.

Minha mãe falou espontaneamente. Meu tio Ângelo, lembrado com tanto carinho na minha escrita, foi o garçom do churrasco.

A cada movimento da boca para soltar uma palavra, era uma garfada de emoção. Não pela carne de porco, de galinha, de gado bem temperada pelas mãos de meu tio, mas pela felicidade de cada um naquele círculo.
Foi um domingo de fofocas.